PROFESSOR CIRES PEREIRA
24) Esta imagem integra o manuscrito de uma das mais notáveis
obras da cultura medieval.
A alternativa que melhor
caracteriza o documento é:
a) Fábula que enuncia o ideal eclesiástico, mescla a aventura cavalheiresca, o amor romântico e as aspirações religiosas que simbolizaram o espírito das cruzadas.
b) Poema inacabado que narra a viagem de formação de um cavaleiro e a busca do cálice sagrado; sua composição mistura elementos pagãos e cristãos.
c) Cordel muito popular, elaborado com base nos épicos celtas e lendas bretãs, divulgado para a conversão de fiéis durante a expansão do Cristianismo pelo Oriente.
d) Peça teatral que serviu para fortalecer o espírito nacionalista da Inglaterra, unindo a figura de um governante invencível a um símbolo cristão.
e) Romance que condensa vários textos, empregado pela Igreja para encorajar a aristocracia a assumir uma função idealizada na luta contra os inimigos de Deus.
RESOLUÇÃO: A Gravura do início do século XII integra uma narrativa que mescla paganismo (cavalaria) e cristianismo (devoção) e se inscreve no contexto das Cruzadas entre 1098 e 1270 patrocinadas pela cúpula da Igreja Cristã Ocidental
25 Em relação à ética e à justiça na vida política da Grécia
Clássica, é correto afirmar:
a) Tratava-se de virtudes que se traduziam na observância da lei, dos costumes e das convenções instituídas pela pólis.
b) Foram prerrogativas democráticas que não estavam limitadas aos cidadãos e que também foram estendidas aos comerciantes e estrangeiros.
c) Eram princípios fundamentais da política externa, mas suspensos temporariamente após a declaração formal de guerra.
d) Foram introduzidas pelos legisladores para reduzir o poder assentado em bases religiosas e para estabelecer critérios racionais de distribuição.
e) Adquiriram importância somente no período helenístico, quando houve uma significativa incorporação de elementos da cultura romana.
RESOLUÇÃO: As virtudes na pólis grega, comumente, estavam associadas à retidão das condutas o que significava estar dentro da legislação e convenções, estas pautadas e/ou construídas a partir dos costumes e do padrão cultural.
26 Em uma significativa passagem da tragédia Macbeth, de
Shakespeare, seu personagem principal declara:
“Ouso tudo o que é próprio de um homem; quem ousa fazer mais do que isso não o é”.
De acordo com muitos intérpretes, essa
postura revela, com extraordinária clareza, toda a audácia da
experiência renascentista.
Com relação à cultura humanista, é correto afirmar que
a) o mecenato de príncipes, de instituições e de famílias ricas e poderosas evitou os constrangimentos, prisão e tortura de artistas e de cientistas.
b) a presença majoritária de temáticas religiosas nas artes plásticas demonstrava as dificuldades de assimilar as conquistas científicas produzidas naquele momento.
c) a observação da natureza, os experimentos e a pesquisa empírica contribuíram para o rompimento de alguns dos dogmas fundamentais da Igreja.
d) a reflexão dedutiva e o cálculo matemático limitaram-se à pesquisa teórica e somente seriam aplicados na chamada revolução científica do século XVII.
e) a avidez de conhecimento e de poder favoreceu a renovação das universidades e a valorização dos saberes transmitidos pela cultura letrada.
RESOLUÇÃO: Shakespeare no final do século XVI foi um dos principais nomes do renascimento literário inglês e suas obras principais, dentre as quais Macbeth. O Antropocentrismo ou a valorização das potencialidades humanas, sobretudo os sentimentos e a razão, é uma das características centrais do Renascimento que se apropriou desta que é uma das bases filosóficas do Humanismo.
27 Os ensaios sediciosos do final do século XVIII anunciam a
erosão de um modo de vida. A crise geral do Antigo Regime
desdobra-se nas áreas periféricas do sistema atlântico – pois
é essa a posição da América portuguesa –, apontando para
a emergência de novas alternativas de ordenamento da vida
social.
István Jancsó, “A Sedução da Liberdade”. In: Fernando Novais,
História da Vida Privada no Brasil, v.1.
São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Adaptado.
A respeito das rebeliões contra o poder colonial português
na América, no período mencionado no texto, é correto
afirmar que,
a) em 1789 e 1798, diferentemente do que se dera com as revoltas anteriores, os sediciosos tinham o claro propósito de abolir o tráfico transatlântico de escravos para o Brasil.
b) da mesma forma que as contestações ocorridas no Maranhão em 1684, a sedição de 1798 teve por alvo o monopólio exercido pela companhia exclusiva de comércio que operava na Bahia.
c) em 1789 e 1798, tal como ocorrera na Guerra dos Mascates, os sediciosos esperavam contar com o suporte da França revolucionária.
d) tal como ocorrera na Guerra dos Emboabas, a sedição de 1789 opôs os mineradores recém-chegados à capitania aos empresários há muito estabelecidos na região.
e) em 1789 e 1798, seus líderes projetaram a possibilidade de rompimento definitivo das relações políticas com a metrópole, diferentemente do que ocorrera com as sedições anteriores.
RESOLUÇÃO: A grande novidade destas novas "sedições" no Brasil colonial, no final do século XVIII, foi a bandeira da ruptura com a metrópole ou independência política. A tese emancipadora, presente na Inconfidência Mineira e na Inconfidência Baiana de 1798, se baseou no ideário iluminista que havia contribuído para as emancipações políticas das 13 colônias inglesas. Este mesmo ideário constituiu-se no substrato ideológico da Revolução Francesa, deflagrada no ano de 1789.
28
Encontram-se assinaladas no mapa, sobre as fronteiras dos
países atuais, as rotas eurasianas de comércio a longa
distância que, no início da Idade Moderna, cruzavam o
Império Otomano, demarcado pelo quadro. A respeito
dessas rotas, das regiões que elas atravessavam e das
relações de poder que elas envolviam, é correto afirmar que
a) a China, com baixo grau de desenvolvimento político e econômico, era exportadora de produtos primários para a Europa.
b) a Índia era uma economia fracamente vinculada ao comércio a longa distância, em vista da pouca demanda por seus produtos.
c) a Europa, a despeito do poder otomano, exercia domínio incontestável sobre o conjunto das atividades comerciais eurasianas.
d) a África Ocidental se encontrava em posição subordinada ao poderio otomano, funcionando como sua principal fonte de escravos.
e) o Império Otomano, ao intermediar as trocas a longa distância, forçou os europeus a buscar rotas alternativas de acesso ao Oriente.
RESOLUÇÃO: Até o século XV, o comércio entre os europeus, o norte da África e o Oriente era feito pelos mares ao sul da Europa (Adriático e Mediterrâneo). O Império Turco-Otomano muito se beneficiou desta situação como potencial intermediário, o que rendia aos seus comerciantes vultosos lucros. Esta situação levam os europeus a buscarem outros caminhos que pudessem acessa-los ao sul da Ásia. A expansão Marítima dos séculos XV e XVI possibilitou aos europeus livrarem-se deste monopólio praticado na região.
29)
Com base na tabela, é correto afirmar:
a) A industrialização acelerada da Alemanha e dos Estados Unidos ocorreu durante a Primeira Revolução Industrial, mantendo-se relativamente inalterada durante a Segunda Revolução Industrial.
b) Os países do Sul e do Leste da Europa apresentaram níveis de industrialização equivalentes aos dos países do Norte da Europa e dos Estados Unidos durante a Segunda Revolução Industrial.
c) A Primeira Revolução Industrial teve por epicentro o Reino Unido, acompanhado em menor grau pela Bélgica, ambos mantendo níveis elevados durante a Segunda Revolução Industrial.
d) Os níveis de industrialização verificados na Ásia em meados do século XVIII acompanharam o movimento geral de industrialização do Atlântico Norte ocorrido na segunda metade do século XIX.
e) O Japão se destacou como o país asiático de mais rápida industrialização no curso da Primeira Revolução Industrial, perdendo força, no entanto, durante a Segunda Revolução Industrial.
RESOLUÇÃO: O Reino Unido e a Bélgica foram as primeiras nações a se industrializarem como se pode depreender do gráfico. Os ambientes político-institucionais favoráveis à prosperidade econômica e à industrialização foram assegurados antes dos demais países europeus, Inglaterra desde 1689 e Bélgica desde 1830 quando consolida seu Estado Liberal na forma de Monarquia Constitucional, como ocorreu na Inglaterra. Vale o registro que a Bélgica passou a absorver, desde 1830, excedentes de capitais e maquinários ingleses, proporcionando desta maneira uma parceira consistente.
30) No Brasil, do mesmo modo que em muitos outros países latino-americanos, as décadas de 1870 e 1880 foram um período de
reforma e de compromisso com as mudanças. De maneira geral, podemos dizer que tal movimento foi uma reação às novas
realidades econômicas e sociais resultantes do desenvolvimento capitalista não só como fenômeno mundial mas também em
suas manifestações especificamente brasileiras.
Emília Viotti da Costa, “Brasil: a era da reforma, 1870-1889”. In: Leslie Bethell, História da América Latina, v.5. São Paulo: Edusp, 2002. Adaptado.
A respeito das mudanças ocorridas na última década do Império do Brasil, cabe destacar a reforma
a) eleitoral, que, ao instituir o voto direto para os cargos eletivos do Império, ao mesmo tempo em que proibiu o voto dos analfabetos, reduziu notavelmente a participação eleitoral dos setores populares.
b) religiosa, com a adoção do ultramontanismo como política oficial para as relações entre o Estado brasileiro e o poder papal, o que permitiu ao Império ganhar suporte internacional.
c) fiscal, com a incorporação integral das demandas federativas do movimento republicano por meio da revisão dos critérios de tributação provincial e municipal.
d) burocrática, que rompeu as relações de patronato empregadas para a composição da administração imperial, com a adoção de um sistema unificado de concursos para preenchimento de cargos públicos.
e) militar, que abriu espaço para que o alto-comando do Exército, vitorioso na Guerra do Paraguai, assumisse um maior protagonismo na gestão dos negócios internos do Império.
RESOLUÇÃO: A reforma eleitoral no final do II Império atendia aos setores políticos mais moderados, por um lado, os cargos mais importantes passaram a ser preenchidos por pessoas eleitas na sociedade civil. Por outro lado, houve a supressão dos direitos eleitorais dos cidadãos analfabetos, reduzindo, consideravelmente, o percentual da população votante.
31)
A partir do texto e da imagem, pode-se afirmar corretamente que
a) a história das guerras se resume a um teatro de combates travados no front por estadistas e militares.
b) os relatos que abordam os conflitos apenas com base nos tratados e armistícios são parciais e limitados.
c) o fim dos impérios, a xenofobia e a consolidação do projeto federativo garantiram a paz mundial.
d) a banalização da morte e a experiência do exílio expressam a retração dos nacionalismos nos séculos XX e XXI.
e) as políticas de inclusão foram capazes de controlar os fluxos migratórios globais.
RESOLUÇÃO: O texto e a imagem revelam uma realidade que pouco é considerada pelos tratados e armistícios. Uma realidade e que vai além das estatísticas de guerras.
32) "Mas o pecado maior contra a Civilização e o Progresso,
contra o Bom Senso e o Bom Gosto e até os Bons Costumes,
que estaria sendo cometido pelo grupo de regionalistas a
quem se deve a ideia ou a organização deste Congresso,
estaria em procurar reanimar não só a arte arcaica dos
quitutes finos e caros em que se esmeraram, nas velhas casas
patriarcais, algumas senhoras das mais ilustres famílias da
região, e que está sendo esquecida pelos doces dos
confeiteiros franceses e italianos, como a arte - popular
como a do barro, a do cesto, a da palha de Ouricuri, a de
piaçava, a dos cachimbos e dos santos de pau, a das esteiras,
a dos ex-votos, a das redes, a das rendas e bicos, a dos
brinquedos de meninos feitos de sabugo de milho, de canudo
de mamão, de lata de doce de goiaba, de quenga de coco, de
cabaça - que é, no Nordeste, o preparado do doce, do bolo,
do quitute de tabuleiro, feito por mãos negras e pardas com
uma perícia que iguala, e às vezes excede, a das sinhás
brancas. "
Gilberto Freyre. Manifesto regionalista (7ª ed.).
Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1996.
De acordo com o texto de Gilberto Freyre, o Manifesto
regionalista, publicado em 1926,
a) opunha-se ao cosmopolitismo dos modernistas, especialmente por refutar a alteração nos hábitos alimentares nordestinos.
b) traduzia um projeto político centralizador e antidemocrático associado ao retorno de instituições monárquicas.
c) exaltava os valores utilitaristas do moderno capitalismo industrial, pois reconhecia a importância da tradição agrária brasileira.
d) preconizava a defesa do mandonismo político e da integração de brancos e negros sob a forma da democracia racial.
e) promovia o desenvolvimento de uma cultura brasileira autêntica pelo retorno a seu passado e a suas tradições e riquezas locais.
RESOLUÇÃO: A autenticidade da cultura brasileira , na perspectiva do regionalismo, implicava o retorno às tradições e o resgate das diversidades locais, como os quitutes preparados por "mãos negras e pardas".
33) "Não nos esqueçamos de que este é um tempo de abertura.
Vivemos sob o signo da anistia que é esquecimento, ou devia
ser. Tempo que pede contenção e paciência. Sofremos todo
ímpeto agressivo. Adocemos os gestos. O tempo é de perdão.
(...) Esqueçamos tudo isto, mas cuidado! Não nos
esqueçamos de enfrentar, agora, a tarefa em que
fracassamos ontem e que deu lugar a tudo isto. Não nos
esqueçamos de organizar a defesa das instituições
democráticas contra novos golpistas militares e civis para
que em tempo algum do futuro ninguém tenha outra vez de
enfrentar e sofrer, e depois esquecer os conspiradores, os
torturadores, os censores e todos os culpados e coniventes
que beberam nosso sangue e pedem nosso esquecimento."
Darcy Ribeiro. “Réquiem”, Ensaios insólitos.
Porto Alegre: L&PM, 1979.
O texto remete à anistia e à reflexão sobre os impasses da
abertura política no Brasil, no período final do regime militar,
implantado com o golpe de 1964. Com base nessas
referências, escolha a alternativa correta.
a) A presença de censores na redação dos jornais somente foi extinta em 1988, quando promulgada a nova Constituição.
b) O projeto de lei pela anistia ampla, geral e irrestrita foi uma proposta defendida pelos militares como forma de apaziguar os atos de exceção.
c) Durante a transição democrática, foram conquistados o bipartidarismo, as eleições livres e gerais e a convocação da Assembleia Constituinte.
d) A lei de anistia aprovada pelo Congresso beneficiou presos políticos e exilados, e também agentes da repressão.
e) O esquecimento e o perdão mencionados integravam a pauta da Teologia da Libertação, uma importante diretriz da Igreja Católica.
RESOLUÇÃO: A lei da Anistia de 1979 foi ampla, geral e irrestrita, logo tornou imune à quaisquer processos a posteriori os agentes da repressão praticada pelo regime militar brasileiro ditatorial. A lei garantia, entre outros direitos, o retorno dos exilados ao País, o restabelecimento dos direitos políticos e a volta ao serviço de militares e funcionários da administração pública, excluídos de suas funções durante a ditadura.
34) "Um elemento essencial para a evolução da dieta humana foi
a transição para a agricultura como o modo primordial de
subsistência. A Revolução Neolítica estreitou dramaticamente
o nicho alimentar ao diminuir a variedade de mantimentos
disponíveis; com a virada para a agricultura intensiva, houve
um claro declínio na nutrição humana. Por sua vez, a
industrialização recente do sistema alimentar mundial
resultou em uma outra transição nutricional, na qual as
nações em desenvolvimento estão experimentando,
simultaneamente, subnutrição e obesidade."
George J. Armelagos, “Brain Evolution, the Determinates of Food Choice,
and the Omnivore’s Dilemma”, Critical Reviews in Food
Science and Nutrition, 2014. Adaptado.
A respeito dos resultados das transformações nos sistemas
alimentares descritas pelo autor, é correto afirmar:
a) A quantidade absoluta de mantimentos disponíveis para as sociedades humanas diminuiu após a Revolução Neolítica.
b) A invenção da agricultura, ao diversificar a cesta de mantimentos, melhorou o balanço nutricional das sociedades sedentárias.
c) Os ganhos de produtividade agrícola obtidos com as revoluções Neolítica e Industrial trouxeram simplificação das dietas alimentares.
d) As populações das nações em desenvolvimento estão sofrendo com a obesidade, por consumirem alimentos de melhor qualidade nutricional.
e) A dieta humana pouco variou ao longo do tempo, mantendo-se inalterada da Revolução Neolítica à Revolução Industrial.
RESOLUÇÃO: A Revolução Neolítica, também conhecida como Revolução Agrícola, fizeram com que os homens se sedentarizassem e produzissem seus alimentos. Este processo de transformação da relação do Homem com os animais e plantas proporcionou um maior controle das fontes de alimentação. Diversos grupos humanos tiveram que se adequar a estas transformações em diferentes locais do mundo. Muitos anos depois, com a Revolução Industrial, as dietas alimentares passaram por mais um processo de simplificação. O texto alerta para o paradoxo gritante nas nações em desenvolvimento: subnutrição e obesidade, resultante do imperativo das corporações privadas multinacionais sobre a sociedade de consumo.
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