CIRES PEREIRA
Dilma Rousseff - Por Alan Marquez/Folhapress
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A avaliação feita pelo Jornal “O Globo” e publicada no portal "Globo.com" tem os seus méritos por duas razões: a primeira é que leva em conta o “Programa de Governo da então candidata à Presidência da República Dilma Rousseff em 2010” e, a segunda, por colher os dados e/ou relatórios concebidos e apresentados pelos órgãos competentes sobre o que foi feito em 75 % do tempo do mandato da Presidenta. Em alguns pontos considerei as avaliações um pouco indulgentes com o governo e, em outros, julguei um tanto quanto“draconianas”. Preferiria que houvesse para todas as áreas avaliadas um tratamento mais homogêneo. Na maioria das áreas, à luz do que foi programado, os dados reportados e as conclusões do Jornal “O Globo”, coloquei meus comentários (campo em azul). Meus comentários ora são amparados nos dados e relatórios reportados ora são amparado por outros dados que colhi em razão de minha discordância parcial ou totalmente aos apresentados pelo “Jornal O Globo”.
Das 46 áreas apresentadas, o "Jornal O Globo" considerou que 22 encontram-se em “ritmo lento” (campo amarelo) e 24 encontram-se em “ritmo bom” (campo verde), ficando subtendido que o governo vem cumprindo satisfatoriamente o que prometeu em 2010. Significa dizer que em 53% das áreas avaliadas governo cumpre o que prometeu e em 47 % das áreas avaliadas o governo tem conseguido cumprir uma pequena parte, sugerindo que talvez não consiga cumprir tudo até o final do mandato em janeiro de 2015. Constato igualmente o que o Jornal O Globo constatou, o governo Dilma não tem ignorado o que prometera em 2010 na campanha eleitoral, pois em todas as áreas constantes no programa da candidata, pelo menos algo está sendo feito.
Esta é uma avaliação que, a meu ver, sintetiza a média das avaliações feitas pela imprensa e por especialistas de uma forma geral, assim fico a vontade para rebater os discursos oposicionistas e/ou céticos e/ou cataclismáticos dando conta de que a gestão “Dilma” tem sido marcada pelo “desgoverno”, de que “nada por ela foi feito” ou de tratar-se de “um governo incompetente”. É até admissível a tese de que o governo ao priorizar uma área preteriu e comprometeu outra. Penso que o governo Dilma, caso seja a vontade do eleitorado em mantê-lo por mais quatro anos, devesse se esmerar mais em algumas áreas, aperfeiçoar alguma coisa em outras áreas. Acredito que um segundo mandato deve procurar ser melhor, muito melhor do que o primeiro.
Mas nada melhor do que os comparativos, pois sempre nos valemos deles para embasar nossas escolhas nas eleições. Sugiro que sejam feitas algumas comparações: os três anos de governo dos antecessores de Dilma com os três anos de governo de Dilma, concluirão que Dilma encontra-se acima de todos eles na maioria das áreas comparadas, perde numa ou outra área para a gestão Lula e não perde em nenhuma destas áreas para as gestões Sarney, Collor (2 anos), Itamar (2 anos) e FHC.
A dívida líquida do setor público, indicador que fornece uma indicação sobre o nível de solvência (capacidade de pagamento) de um país, somou R$ 1,65 trilhão, ou 35,1% do Produto Interno Bruto (PIB), até outubro. A dívida bruta, por sua vez, somou R$ 2,77 trilhões no fim de outubro, o equivalente a 59% do PIB, contra 58,8% do PIB no fechamento de setembro. No fim do ano passado, este indicador estava em R$ 58,7% do PIB.
No gráfico abaixo é possível identificar as relações entre as crises econômicas e a elevação das dívidas públicas brasileiras, pois numa retração econômica global as expectativas de PIB não se materializam, a arrecadação diminui e o déficit público aumenta. E fácil perceber que Dilma consegue no âmbito de uma crise global mais intensa um desempenho bem melhor do que FHC entre 1998 e 2002, com um detalhe importante: FHC fez cortes profundos nos programas sociais e Dilma aumentou a destinação de recursos para seus programas sociais. Sua opção, tão criticada pelas pela maioria das mídias nacionais, rendeu elogios de órgãos internacionais como a OCDE, a ONU, o World Bank e o FMI.
Uma das grandes marcas da gestão Dilma foi ter conseguido manter e, em alguns casos, melhorar os indicadores sociais num ambiente econômico com pouca expansão, dando passos muito largos pra erradicar a grande mácula da história do Brasil, a extrema pobreza. Valendo-se de políticas de transferências de rendas, sobretudo o Programa Bolsa-Família, que elevam muito pouco os gastos governamentais.
O relatório publicado em 15 de outubro deste ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome apontou que o programa Bolsa Família foi o responsável por 28% da queda da extrema pobreza no país. Veja o quadro do Orçamento da União e constate que quase 48 % das receitas destinam-se ao pagamento de juros e amortizações de dívidas que foram contraídas pelos governos ao longo da história.
A outra grande marca da gestão Dilma que, lamentavelmente, não foi considerada pelo Jornal “O Globo”, diz respeito à destinação dos royalties do petróleo prospectado nos campos do pré-sal, 75 % para a educação e 25 % para a saúde. Trata-se de um marco já apreciado e aprovado no Congresso, tornando-se então uma política de Estado desde 2013, independentemente dos “humores” das gestões que estão por vir. Segundo relatório do governo, o primeiro repasse de royalties para educação e saúde, foi na ordem de R$ 750 milhões em 2013. Estes recursos deverão alcançar R$ 19,96 bilhões em 2022 e a previsão de repasses para os próximos dez anos é de R$ 112,25 bilhões.
Prezados leitores é muitíssimo importante que, ao apreciar o que se segue, checar os dados apresentados pelo governo, pelo "Jornal O Globo" e por mim. Apreciem e tirem suas conclusões, mas acima de tudo não as deixem num canto e tampouco as retenham. Difundam suas conclusões, influenciem outros eleitores, enfim cumpram o direito/dever que são de todos cidadãos ativos numa sociedade democrática, o de informar, de formar. O Brasil pode melhorar muito mais, mas é imprescindível que saibamos protestar e não deixemos de fazê-lo contra o que está errado, saibamos e não deixemos de aplaudir o que, a nosso ver, é motivo de aplauso. Ao final deste ano que se inicia ocorrerão eleições para o Executivo federal e os executivos estaduais e para os parlamentos nestes dois níveis, comecem agora a avaliar tudo e todos para fazerem a melhor escolha quando solicitados.
- COMENTÁRIOS DOS LEITORES E MINHAS RESPOSTAS
- Não concordo com vários comentários. Principalmente com o apoio a EBSERH.
- A adoção da EBSERH significa a retirada do poder da faculdade sobre o HU (Hospital Universitario). a Universidade cederá todo o patrimônio do hospital universitário para uma empresa estatal de direito privado, isso inclui, prédios, terrenos, equipamentos, etc. O problema dos HUs em geral não são a má administração e sim falta de verba.Hoje o HU é administrado pela UFU e os tecnicos admnistrativos compõem o quadro de trabalhadores. Algumas universidades que implementaram a EBSERH teve seus tecnicos todos substituidos por trabalhadores com um salário mais baixo, contratados pelas Fundações privadas ditas de apoio.A implementação da EBSERH na UFU está se dando por conta de uma forte pressão do governo federal que ameaçou a universidade falando que se a posição for não favorável, o governo cortará verbas. Fazendo o reitor falar que "não queria mas terá que assinar". Se não me engano a votação ocorrerá dia 31/01.Outro ponto que tem acontecido em alguns HUs que aderiram a EBSERH é a implementação de um Hospital duas portas, que significa, um hospital que terá leitos exclusivos para consultas através de planos de saúde, o que beneficiará um grupo dentro de um hospital que foi construido para o ensino.Do ponto de vista do ensino, a EBSERH é muito prejudicial, pois um hospital que visa o lucro limitará o máximo possível gastos com estantes. É um consenso nos diretórios acadêmicos dos cursos que utilizam o HU, que a EBSERH é prejudicial.Meu nome é Hiago, curso Engenharia Aeronáutica na UFU.