Cires Pereira
Não sou daqueles (maioria) que
consideram o dia 08 de março como sendo o dia das mulheres. Contudo aproveito
esta data para render homenagens a todos os homens e todas as mulheres que tem
empreendido lutas importantes contra quaisquer tipos de espoliação e
dominação. A data alude ao desfecho trágico de uma greve empreendida por
tecelãs em Nova York quando 130 mulheres grevistas foram mortas pela polícia
numa reação descomunal.
Não me disponho a homenagear as
mulheres em geral, pois não tem sido raros os casos de mulheres que, ocupando
espaços de destaque ao longo da história, agiram e continuam agindo em
consonância com o "stablishment".
As mobilizações de homens e de mulheres
por uma sociedade menos injusta e menos desigual não poderiam ser vistas com
tal se as demandas específicas de frações destes mesmos mobilizados, como e o
caso das legitimas demandas do movimento feminista, fossem ignoradas.
Sob este prisma devemos reconhecer os
limites das proposições lançadas pelos trabalhadores que se empenharam em
reagir contra o sistema capitalista consolidado na esteira da "revolução
industrial", os primeiros movimentos de trabalhadores não apresentavam em
suas pautas as aspirações das mulheres.
Da mesma forma não se pode admitir, a
priori, que todos os movimentos feministas, que todos os movimentos ecologistas
e que todos os movimentos GLBT sejam signatários fe uma sociedade menos
desigual e menos injusta.
Os que se posicionam contrários a esta
análise certamente se valem de uma argumentação que não me convence, a saber:
"a luta por propósitos específicos como a igualdade de homens e mulheres
perante a lei e o Estado se soma ou não é estranha à luta por uma
sociedade menos desigual e menos injusta.
Sustento a tese de que os homens e as
mulheres que lutam por uma sociedade menos injusta e menos desigual deveriam
também acolher e defender bandeiras especificas dos movimentos
feministas, indígenas, ecologistas, GLBT, etc ou solidarizarem-se com estas
demandas. Não se pode esperar e permitir que um machista ou um (a) racista ou
um (a) homofóbico (a) possam se colocar ao lado dos que lutam por uma sociedade
menos desigual e menos injusta.
Por tudo isso o dia oito de março
deveria juntar-se aos demais trezentos e sessenta e quatro dias do ano de
oposição a ordem presente, uma ordem excludente.
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