Cires Pereira - Agosto de 2013
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Elomar |
Elomar Figueira de Mello, não me canso de afirmar, é um dos maiores nomes da música mundial. Brasileiro das terra da Bahia no Vale do Rio Gavião. Não gosta de holofotes. Mas por conta da sua obra magistral, os holofotes acorrem para ele. Refiro-me aos holofotes que procuram coisas boas e decentes que de fato contribuem para o avanço dos indivíduos na sociedade.
Minha pretensão é tornar-me um destes "holofotes" que busca as coisas boas e espalha para os indivíduos que, desejosos de crescimento, se disponham ao conhecimento e predisponham à sensibilidade. Crescer depende, insisto, de conhecimento, sensibilidade e criticismo.
O que mais existe são estas coisas boas que precisam vir a tona, as mídias a serviço da "indústria cultural", como é de se esperar, tentam esconder estas "coisas boas" dando visibilidade para as coisas que não adicionam em nada. Não pretendo aqui enumerar as "coisas ruins" para, no afã, de criticá-las, dá-las ainda mais visibilidade, sem querer estaria replicando o adágio "falem mal mas falem de mim". Darei publicidade ao que, para mim é bom e acrescenta.
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Portinari |
A obra de Cândido Portinari, tendencialmente "expressionista" é um empolgante resultado da confluência entre o "surrealismo" de Salvador Dali e o "cubismo" de Pablo Picasso, mas que também lembra o "muralismo" do pintor mexicano Diego Rivera. O destaque nesta sequência (Link do vídeo abaixo) de Obras de Cândido Portinari para "Os retirantes". Farei uma análise mais detida sobre "Retirantes" em outro texto.
A obra de Elomar é uma destas obras que acrescentam muito, um grande exemplo é o Álbum "Fantasia Leiga para um rio seco" lançado em 1981. Todas as faixas são muito bem elaboradas e interpretadas, mas chamo a atenção para a primeira "Incelença Pra Terra Que O Sol Matou". Considero um dos trabalhos mais refinados dentre os vários trabalhos refinados de Elomar. Todo o Álbum é acompanhado pela Orquestra Sinfônica da Bahia, regida por Lindenbergue Cardoso.
Clip da Música : Abertura + Incelença Pra Terra Que o Sol Matou

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Retirantes de Portinari - 1944 |
Incelença pra terra que o sol matou
Levanto meus olhos
Pela terra seca
Só vejo a tristeza
Qui disolação
E u’a assada branca
Fulorano o chão
E o passu-Rei, rei do manja
Deu bença à Morte pra avisa
Prus urubu de otros lugá
Qui vince logo pra janta
Do Rei do Fogo e do lũá
Do lũá sizudo
Do Ri Gavião
Mais o sol malvado
Quemô so imbuzero
Os bode e os carneros
Toda a criação
Tudo o sol quemô
É qui tão as era
Já muito alcançada
A palavra vea
Reza qui havéra
De chegá um tempo
Só de perdedera
Qui só havéra de iscapá
Burro criolo e criação
Qui pra cumê levanta as mão
E qui um irmão pra otro irmão
Saudava c’essa pregação
Lembra qui a morte
Te ispera meu irmão
E o sol da má sorte
Rei da tribusana
Popô sussarana
Carcará ladrão
Isso o sol popô
Mais num há de sê nada
Na função das besta
Purriba da festa
Pirigrina a fé
Sei que ainda resta
Cururu-têtê
Na minha casa hai um silenço
A tuia pura e o surrão penso
O meu cachorro amigo menso
Deitô no chão ficô in silenço
E nunca mais se alevanto
Inté os olhos d’água
Chorô qui seco
E o sol dessas mágua
Quemô so imbuzero
Os bode e os carneros
Toda a criação
Tudo o sol quemô
No Ri Gavião
Tudo o sol quemô
Toda a criação
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